domingo, 15 de maio de 2011

O CÉU DE ÍCARO


"A não muito tempo nasceu, prematuro e com gastroquise, um menino chamado Ícaro. Sua luta pela vida, certamente impulsionado pelo que Espinosa chamou de conatus, ou seja, a potência divina inerente a nossa essência que faz com que cada um de nós lute pela própria existência, me fez refletir no desejo imanente, por vezes não manifesto, mas certamente impulsionador, que todo o ser humano tem para alçar vôos mais altos em busca da felicidade e da glória, impulsionando-nos na busca pessoal de ultrapassarmos os limites impostos pelo cotidiano agrilhoante. O desejo está sempre presente e é a mola propulsora de nossas buscas, aliás, já dizia Espinosa, “o desejo é a nossa essência”. Desejo é potência! E o pequeno Ícaro mostra isto na diária luta por sua vida, mesmo que, aquiescemos, seja uma batalha inconsciente devido a sua idade, mas certamente com todo o esplendor do conatus que lhe é inerente".
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Conta o mito grego que Dédalo, pai de Ícaro, era o homem mais criativo e habilidoso de Atenas. Um dos seus maiores feitos foi construir, para o rei Minos de Creta, o famoso labirinto que aprisionou o Minotauro, uma criatura meio homem, meio touro, que lá era mantido para a proteção do povo de Creta. Duas levas de homens, uma de cada vez, haviam sido deixadas no labirinto, onde foram mortos pelo Minotauro. Na terceira leva de guerreiros estava Teseu, aquele que viria a matar o Minotauro com a ajuda de Ariadne, filha do Rei Minos, que se apaixonara por Teseu. Ariadne teve a ajuda de Dédalo e por causa disto ele e seu filho, Ícaro, foram jogados no labirinto com as saídas fortemente guardadas.
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Dédalo sabia que o labirinto era intransponível e que a terra e o mar eram domínios do Rei Minos. Foi então que decidiu que escapariam pelo único lugar que não era domínio de Minos, ou seja, o ar! Com sua capacidade inventiva, Dédalo juntou penas de aves, amarrou-as com fios e as colou com a cera das abelhas. Com a ajuda de Ícaro, moldou asas perfeitas com as quais puderam se suspender no ar e assim conseguir escapar das paredes do labirinto.
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No entanto, antes de partirem, Dédalo ensinou seu filho a voar e o alertou de que não deveria voar tão alto para que o sol não derretesse a cera e nem tão baixo para que as águas do mar não as molhassem. Dédalo era um homem prático e experiente. No entanto, Ícaro era um sonhador e inebriou-se com a beleza do céu e a liberdade de estar ganhando os céus como um pássaro. E assim Ícaro deixou-se levar pela beleza do firmamento, aproximando-se demasiadamente do sol. Como seu pai havia avisado, logo a cera que mantinha suas asas derreteu, deixando-o, fatalmente, cair nas águas do mar.
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Embora com um final trágico e triste, o mito de Ícaro nos mostra, entre vários aspectos, a capacidade humana de desafiar os limites para conhecer aquilo que está além. Ícaro atreveu-se ir além, mesmo correndo o perigo de perder as suas asas e tombar numa queda mortal. Porém, isto não o impediu de alçar vôo na inebriante beleza do céu e Ícaro arriscou ir além do pré-estabelecido e sonhar com o mais alto. Ícaro voou como um pássaro e sentiu a liberdade na sua plenitude, deixando o mundo aos seus pés. Talvez alguns veriam na sua atitude apenas imprudência, mas a verdade é que Ícaro ousou e somente aqueles que ousam conseguem ir além das conquistas medianas da grande maioria. E vocês, caros amigos, teriam coragem de alçar o seu vôo de Ícaro, mesmo sabendo que o sol possa derreter a cera que prende suas asas? Ou você é daqueles que prefere ficar estagnado nas complexas profundezas do labirinto de Minos até o final de seus dias, sem arriscar e ousar conhecer a maravilha e plenitude do céu de Ícaro? Afinal, como diz Herbert Vianna na música Tendo a Lua: “O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu!”
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por, Guilherme R. Fauque
Acadêmico do 7º nível de Filosofia da Universidade de Passo Fundo – UPF.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tenda da Lua & TPM

        Boa noite, nesta linda noite de Lua Cheia...

        Mais um ciclo da natureza agindo, mais uma fase... Observando o nascer da Lua de hoje, lembrei do texto que a coordenadora Cris me disponibilizou sobre a "Tenda da Lua" e a ligação com os ciclos femininos nos rituais dos índios norte-americanos. Este texto serviu para mim, como uma grande lição sobre o verdadeito sentido da minha ultima e intensa TPM que tive, e que, agora, quero compartilhar com vocês mulheres:

            Créditos da fotografia: Meu querido pai, "Natus".
                                       " Para os antigos egípcios, o Sol simbolizava o Homem, e a Lua era a Mulher".
                                            (citação da bailarina e mestra Shahrazad, 2002)

       "Segundo o texto de Jamie Sams "As Cartas do Caminho Sagrado" (Editora Rocco / RJ, 1997), a Tenda da Lua é o lugar da mulher. É lá que as mulheres se reúnem durante o seu período menstrual para ficarem juntas e se sentirem em sintonia com as mudanças ocorridas em seus corpos. Há muito tempo atrás, durante essa época especial do ciclo lunar, as mulheres eram afastadas das tarefas domésticas, e recebiam permissão de se recolher à "Tenda da Lua". As mulheres não tinham a permissão de preparar comida, de dançar, de participar de Cerimônias ou partilhar qualquer atividade vital com os homens. Não interpretando de forma equivocada, essa tradição teve início porque as mulheres precisavam se reabastecer de energia durante seu período estéril. Considerando um alívio que um retiro destes poderia proporcionar a uma mulher moderna, e também a sua família, que é obrigada a conviver mensalmente com suas mudanças de temperamento. Contrapondo a ideia de que as mulheres eram consideradas 'sujas' neste período, mas, na verdade, isso era a mais alta honra que concedia às mulheres, ou seja, poder se retirar de suas obrigações para receber alimentação e os cuidados da Mãe Terra, assim, como ela própria tinha cumprido com sua responsabilidade de cuidar bem dos outros durante o resto do mês.
      Segundo estes ensinamentos dos índios, a nossa Avó Lua é quem tece a trama das marés (que é a água ou o sangue de nossa Mãe Terra), e os ciclos de uma mulher acompanham o ritmo desta fiação. Quando as mulheres vivem juntas num espaço em comum, seus corpos costumam a regularizar suas menstruações, e todas terminam tendo seu tempo lunar simultaneamente (e eu já comprovei porque divido casa com várias meninas há mais de 7 anos e nossos ciclos se regularizam mesmo tomando pílulas - ou não!). Este ritmo natural é um dos laços da fraternidade.
      As mulheres honram seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente à sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos de seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vão percebendo a utilizar mais os dons da intuição e da sabedoria, assim como, aprendem a respeitar mais o corpo e as próprias necessidades".
     No final do texto, o autor sugere uma aplicação para o nosso mundo prático e atual (pra não dizer "louco" e "estressante") em  que vivemos:  
  • Fazer uma pausa em nossas atividades;
  • Esta fase, (período estéril) é um momento de restaurar as energias e de poupá-las;
  • Procure ficar mais só e dar toda a atenção a si mesma; (vejo que as mulheres estão sempre pensando primeiro nas situações externas: No lar, no trabalho, na faculdade, nos filhos, e por ultimo com elas próprias);
  •  O retiro não é um ato de fraqueza; é um ato de força e coragem!
  •  No retiro (no sentido de se ouvir e de se cuidar mais), se consegue no presente, preparar bases sólidas para o futuro;
  • Verdadeiros milagres podem ocorrer em sua vida, se você se permitir um repouso, e se souber se encaminhar ao seu novo ponto de partida de forma suave e tranquila!
          Foi mais ou menos isto que aprendi ao ler este texto, uns dias depois de minha ultima e tensa TPM ... Sabe, estas de ficar chorando e se sentir imprestável,  sem o menor sentido? Não foi a famosa "cólica menstrual" que eu senti, mesmo porque a própria Dança Árabe o qual eu venho praticando, me ajuda muito a ter um organismo mais preparado quando chega esta fase. Eu tive um crise existencial mesmo, algo me incomodando no psíquico, o qual tudo passou quando a menstruação veio. Mas nada adianta ficar irritada neste ciclo. É a força da natureza nos dizendo que está tudo bem! Todas nós mulheres passamos por isso, umas mais fortes, outras menos, quase imperceptível... As mudanças de temperamento, os conflitos existencias que nesta fase se acentuam, podemos sim, reverter o quadro, para prestarmos toda a merecida atenção e o cuidado que nosso corpo precisa, afinal, o nosso corpo está nos chamando a atenção de fato! rsrs Sem mais ninguém por perto... cuide-se... apenas  você consigo mesma.... 

Boas TPMs à nós mulheres!!!
E aproveitem este Brilho da Lua pra descansar, pausar, refletir e renovar! Beijos!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dia da Dança na UFSC

Nossa contribuição para o dia da dança será uma Oficina: "Introdução a Dança do Ventre Clássica e Folclórica". Ministrantes: Shayene Hayat e Naiade Schardosin. Auxiliares: Rebeca Körting Nunes; Mafdet; Paula Aragão. Coordenação geral: Profª Cristiane Ker de Melo.
Data: 29/04/2011 - sexta-feira
Local: Sala Artes Cênicas - 403 CFM/ UFSC.
Horário: das 12 às 14 horas.
Obs. Esta oficina é aberta a todas as mulheres, com ou sem experiência em danças.
Fica então esta dica meninas, vamos desfrutar deste dia, dançando!!!


"Não diga nada, apenas levante-se e dance comigo"
Oriah Mountain Dreamer

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mova-te que as ruas caminham...

Foto por Anna Elise Martins, em 2007.

Mantras e Snujs - Vibrações Positivas!

Na aula que propuz hoje, na turma de Intermediário I - Projeto Práticas Corporais/UFSC, além de "oitos com tremidos", fiz uma introdução a utilização dos Snujs na Dança Oriental Árabe. Ao chegar em casa, minha querida aluna Julia Pierry, encaminhou este vídeo à turma. Resolvi  publicar aqui, porque acho que traz  "tudo de bom" para o blogger - combina com  muito com o perfil, e ainda mais por ser o primeiro post, rsrs:
O Som de snujs em sua concepção para trazer bons fluidos e espantar a energia negativa do ambiente; e o Mantra me remete a meditação, uma pausa, para sempre lembrarmos de escutar o nosso ser interior, o nosso coração.
No vídeo, Aretha Marcos canta repetidamente um mantra árabe que significa "Por seres mais sedutor que o próprio Cupido, roubastes meu coração. Por isso canto e danço em nome de Deus."
A bailarina é a Luanna Mello, expressando com propriedade uma das possibilidades do corpo em movimento com precisão, leveza, arte e técnica... Lindo!
Espero que vcs gostem... Bjos de Luz!